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Título | As chaves para entender as mudanças climáticas. |
Publicação | Revista Planeta dez/08 |
A ciência já dispõe de meios para analisar o clima de eras passadas e como a natureza e o homem interferiram nesses padrões. Esse conhecimento vai ser crucial num período de graves alterações no planeta.
A variabilidade climática nos últimos mil anos.
Os climas variam em termos de temperatura, precipitação e freqüência de eventos extremos, como secas, tempestades e inundações. Esses fatores controlam a produtividade dos sistemas naturais e agrícolas, a freqüência dos incêndios florestais, a qualidade da água e os danos em bens e infra-estrutura.
Uma observação cuidadosa dos registros climáticos a longo prazo é importante para as sociedades modernas porque fornece uma base para o conhecimento de tendências recentes e suas causas potenciais.
O início do período Holoceno (há cerca de 10 mil anos) foi marcado por uma influência antrópica restrita nos sistemas climáticos.
Há cerca de 5 mil ou 6 mil anos, os sistemas agrícolas difundiram-se pelo leste e oeste da Eurásia.
Há 3 mil anos, vastas áreas do mundo já eram cultivadas, o homem se tornara uma forte influência nos processos da natureza em escalas regionais, embora não chegasse a interferir nas variações climáticas.
A expansão da agricultura de várzea no Holoceno médio pode ter contribuído para a emissão do metano, um ponto chave para a influência humana na química da atmosfera, mudando a sua temperatura e capacidade de retenção da água.
Foram realizadas reconstituições da temperatura média nos últimos mil anos nas zonas de latitude média a alta no Hemisfério Norte.
Esses registram mostram:
temperaturas médias amenas no fim do século 11 e no século 12, bem como no início e no fim do século 14, constituindo o chamado Período Medieval Quente, causando conseqüências nas sociedades como o deslocamento de áreas agrícolas (cultivo do trigo mais ao norte).
temperaturas médias baixas entre os séculos 14 e 19, constituindo a chamada Pequena Idade do Gelo, causando aumento dos níveis de doenças e a decadência agrícola em várias áreas.
É importante salientar que as diferenças de temperatura não excediam 0,2oC a 1oC em comparação com as verificadas no início do século 20.
Essas pequenas variações e suas conseqüências deveriam ser uma evidência para quem acredita que a variação entre 1oC e 5oC prevista para os próximos 50 a 100 anos não trará alterações significativas.
Causas das mudanças climáticas.
Alguns sugerem que:
Alterações da energia emitida pelo Sol.
Quantidade de cinzas e gases vulcânicos.
Mudanças nas correntes oceânicas.
Explicam as algumas das tendências verificadas neste período, mas o aquecimento recente não tem precedentes.
Acredita-se agora que:
Os desflorestamentos.
As edificações.
As emissões de gases resultantes da ação do homem.
Influenciam fortemente o aquecimento global.
Impactos produzidos no passado pelas mudanças climáticas na sociedade
Muitas civilizações desapareceram devido a uma variedade de razões, incluindo o clima.
Alguns exemplos.
A seca pode ter sido a responsável pelo colapso:
da cultura harappa no noroeste da Índia
dos maias na América Central
dos hohokam no Arizona.
O excesso de água é responsável também por destruições:
perdas de vidas, de lavouras e de propriedades causadas quando o fluxo máximo do rio Yang-Tsé coincide com as chuvas associadas às monções de verão (com periodicidade de alguns anos)
A organização dos dados essenciais sobre as mudanças ambientais e a história das sociedades dará base a discussões sobre as novas tecnologias, as novas nações, e poderá ajudar na compreensão de alguns dos desentendimentos existentes no Oriente Médio, na África Oriental e em outros locais.
Papel das atividades humanas no clima.
A atividade humana originou mudanças na química atmosférica e na cobertura vegetal, causando uma séria degradação da biodiversidade.
São lançadas milhares de de novas substâncias químicas sintéticas, cujo efeito na biosfera não é totalmente conhecido.
A mudança dos ciclos biogeoquímicos origina reações complexas nos elementos-chave dos sistemas climáticos e, consequentemente, nas atividades econômicas e na qualidade da água e alimentos.
Uma das formas de monitorar a mudança do clima induzida pelo homem é estimar as emissões de gases resultante da atividade humana.
Conseguimos estimar esses valores, mas não conseguimos identificar os locais afetados por essas emissões. Estarão os gases concentrados:
nos solos
na cobertura florestal
nos oceanos
em todos esses fatores e ainda em muitos outros
A contribuição relativa para o clima das mudanças na cobertura vegetal e na química da atmosfera ainda é pouco estudada. A pesquisa nessa área deve priorizar o estudo de processos biológicos, de ciência do solo e oceanográficos..
Modelos de previsão climática.
Os modelos de simulação parecem ser o caminho a seguir para a previsão climática.
Eles usam equações matemáticas para descrever o mundo físico e as reações dinâmicas entre oceanos, atmosfera e a cobertura vegetal.
Os resultados desses modelos estão condicionados:
pelo nosso conhecimento sobre os sistemas da Terra,
pela capacidade de representação da realidade,
pelas operações matemáticas e
pela capacidade de informática necessária para os cálculos.
Atualmente utilizam-se mais de 25 modelos de simulação global, os quais geram freqüentemente resultados que varia em grau menor e maior, demonstrando a dificuldade de integrar os elementos físicos de modo significativo e a vulnerabilidade do sistema quando pequenas alterações podem ser muito ampliadas, como demonstra o registro geológico.
Nos últimos tempos, fora desenvolvidos sistemas integrados que associam:
modelos climáticos,
econômicos,
demográficos,
agrícolas
de ecossistemas e
de emissão de poluentes.
Os melhores sistemas permitem interações entre os módulos, de modo que mudanças numa parte do sistema podem obter reações dinâmicas dos outros subsistemas.
É preciso criar um sistema independente para realizar avaliações, que identifique os melhores modelos e soluções para aprimora-los.
As prioridades na pesquisa devem incluir melhor coleta de dados, com maior cobertura geográfica.
Os geocientistas têm um currículo notável no estudo de climas do passado e dos sistemas da Terra. e das relações entre eles.