Uma breve  história da evolução das ciências

  Considerações iniciais.

    Ciência, de uma forma simples e resumida, é um conhecimento sistematizado como campo de estudo ou observação e classificação dos fatos atinentes a um determinado grupo de fenômenos, formulação de postulados e de leis gerais que os regem.
    Tecnologia,
também, de uma forma simples e resumida, consiste na aplicação dos conhecimentos científicos à produção em geral.

    Estabelecidos os conceitos desta maneira parece que a ciência sempre precede à tecnologia. A História nos mostra que não é sempre assim, muitas vezes a tecnologia, isto é, a aplicação precede à ciência. Só para ilustrar vamos citar dois exemplos marcantes:

    Gregos antigos.

    Tales
Voltando aos primórdios da civilização encontramos a primeira matemática dedutiva em Tales de Mileto no século VII aC.

    Pitágoras.
No século VI aC, Pitágoras de Samos, sucessor de Tales, foi o precursor da teoria dos números.
Pitágoras fundou em Crotona na Magna Grécia (sul da Itália) uma escola matemático-filosófico-mística, onde eram atribuídas qualidades morais e místicas aos números e às figuras geométricas. O pentágono regular estrelado era um símbolo da escola. Os seus discípulos após 3 anos de estudos eram iniciados e denominados de "matemáticos" se agrupavam em sociedades secretas.
O estabelecimento da prova na matemática realizado por Pitágoras é uma conquista genial, característica do espírito de abstração dos gregos antigos.

    Platão
Um século e meio mais tarde Platão aprende geometria com o pitagórico Filolaus e como atestado da importância da geometria, manda inscrever na entrada de sua Academia 

"Não entre quem não souber geometria".

    Demócrito.
No século V aC surgiram os atomistas, com destaque para Demócrito, que sustentavam que a matéria era constituída por elementos últimos, infinitos em número, indestrutíveis e indivisíveis, denominados por este motivo de átomos.

    Euclides.
No século IV aC toda a geometria dedutiva conhecida até então foi compilada e sistematizada por Euclides na publicação Elementos de Geometria adotada até hoje.

    Apolônio
No século III aC Apolônio de Perga chamado de o "grande geômetra" foi o primeiro a aplicar a geometria aos problemas celestes. Estudou as curvas que não podiam ser traçadas com régua e compasso, a elípse, a hipérbole e a parábola.

    Arquimedes
Nesta mesma época Arquimedes, como físico foi o fundador da física experimental e como matemático estabeleceu as bases da análise infinitesimal antecipando-se a Newton e Leibniz em perto de 2000 anos.
A falta de um simbolismo adequado o impediu de continuar. Arquimedes pode ser comparado aos grandes gênios da humanidade como Newton, Gauss e Einstein.

      O grande intervalo
Após estes precursores seguiram perto de 20 séculos de estagnação científica.

    Idade média e moderna

    Vietá e Stevin, a notação algébrica e as frações decimais
Até 1600 a humanidade sabia muito pouco de matemática, uma vez que os sistemas de numeração eram simbólicos, como o sistema hebraico e o romano, que não permitiam as operações aritméticas básicas Não eram representadas as frações ordinárias e muito menos as decimais.
A matemática foi a ferramenta básica que permitiu a grande evolução científica no início do século XVII.
A partida foi dada por François Vietá advogado francês, considerado o pai da notação algébrica e por Simon Stevin físico alemão que introduziu as frações decimais.

    Descartes, a geometria analítica
Estava iniciada a grande evolução da matemática, mas ainda dividida em duas partes estanques, a álgebra e a geometria que estudava as formas desde o tempo dos gregos antigos com Euclides.
    Um grande salto cultural foi dado, 30 anos após, por René Descartes filósofo francês criador da hoje chamada de geometria analítica ou cartesiana, unindo a álgebra à geometria, mostrando que à toda equação correspondia uma forma geométrica e vice versa.
    Estava consolidada a base da matemática.

    Newton, o cálculo infinitesimal e a gravitação universal.
Na segunda metade do século XVII Isaac Newton demonstrou grande interesse nas Leis de Kepler resultantes de observações astronômicas realizadas desde a mais remota antigüidade sobre a movimentação dos planetas do sistema solar. Newton pretendeu deduzir uma lei física capaz de justificar as Leis de Kepler que eram empíricas, tendo concluído que a matemática conhecida até então não era suficiente para este trabalho. Criou então uma nova matemática com novos postulados, denominada de cálculo infinitesimal, que permitiu a dedução da Lei da Gravitação Universal.
Isaac Newton é considerado hoje em dia um dos maiores gênios da humanidade era filósofo, físico, matemático, místico e inglês.

    Leibniz, o cálculo infinitesimal
É interessante ressaltar que o cálculo infinitesimal foi também estabelecido no mesmo momento, no continente europeu, por Gottfiriede Wilhelm Leibniz filósofo, matemático e místico. O trabalho de Newton não era conhecido por Leibniz e vice-versa.
    Este progresso da ciência matemática não foi levado às escolas, uma vez que elas não existiam com os objetivos conhecidos hoje em dia. O conhecimento científico transitava apenas entre uma seleto grupo de intelectuais, e assim mesmo com grande dificuldade. Para exemplificar: Leibnitz ao apresentar os postulados do cálculo infinitesimal na Academia de Ciências da França foi expulso no meio de sua apresentação uma vez que o que propunha era de tal forma revolucionário que foi considerado ofensivo à inteligência do franceses.

    As primeiras universidades
como a de Paris, de Pádua e de Bolonha surgiram no início do século XIII. Foram criadas por bulas papais e se dedicavam ao estudo da teologia e da filosofia clássica. O funcionamento destas universidades era completamente diferente das atuais universidades. O acesso era restrito aos ricos e poderosos e aos indicados pelo clero. Os professores eram confinados no campus da universidade e não podiam sair. O reitor, era sempre um calouro, sendo responsável pelo confinamento dos professores. O reitor sofria penas muito duras quando um professor fugia do campus.
    Só para exemplificar, as aulas na Universidade de Paris eram dadas em latim, língua não dominada pelo povo, para que o conhecimento ficasse restrito aos estudantes privilegiados.
    Até hoje existe em Paris um bairro próximo à Universidade chamado de "Quartier Latim" porque era o local onde moravam os estudantes que falavam em latim.

    Condorcet, a educação pública
Esta situação de uma escola restrita aos privilegiados foi mantida durante alguns séculos e só começou a ser alterada na segunda metade do século XVIII com Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, Marques de Condorcet, francês, matemático e filósofo. Foi um teórico do progresso e da educação pública tendo aderido à revolução francesa. Idealizador da escola aberta para todos. Foi morto por causa de suas idéias.
A escola para o povo só foi concretizada na época de Napoleão Bonaparte, no início do século XIX, significando que a burguesia, os banqueiros e os poderosos não contribuíram para o progresso da ciência como também impediram que ela fosse difundida.

    O grande salto cultural
ocorrido no século XVII foi devido ao esforço e a genialidade dos homens já citados e muitos outros que os sucederam como:

    --1743; Charles Louis de Secondat Montesquieu; francês; jurista e escritor; autor de "Do Espírito das Leis". Inspirador de constituições de vários países europeus e da Constituição Norte Americana em 1787, que funciona até hoje inalterada em seus pontos básicos. Estes fatos demonstram a qualidade permanente do seu pensamento político, cuja atualidade pode ser avaliada por duas de suas afirmações que se seguem:
    "A desgraça de uma república é quando as conspirações terminam; o que ocorre quando as pessoas são dominadas por suborno e corrupção; neste caso tornam-se indiferentes às questões públicas, e a cobiça torna-se a sua principal paixão. Indiferentes ao governo e a tudo que a ele se refira, permanecem tranqüilos, esperando os seus salários"
    "É extremamente importante que o povo seja culto. Os preconceitos dos magistrados são derivados dos preconceitos nacionais. Em tempos de ignorância, cometem as maiores maldades sem o menor escrúpulo; mas nos tempos em que a cultura predomina, eles chegam a tremer mesmo quando concedem as maiores bênçãos".

    --1751; Denis Diderot; francês; escritor; autor, junto com d' Alembert, da Enciclopédia ou Dicionário lógico das ciências, artes e ofícios, obra que serviu de preparo ideológico da Revolução Francesa.

    --1751; Jean Le Rond d’Alembert; francês; matemático , físico e filósofo; escreveu a Introdução da Enciclopédia que despertou a atenção do mundo científico para os novos campos do conhecimento. Seguidor de Leibnitz, Newton, Euler e Bernoulli.

    --1773; François-Marie Arouet, dito Voltaire; francês; escritor; muito rico, industrial, escreveu sobre muitos assuntos, inclusive sobre a Física de Newton. Foi certamente um dos homens mais influentes do século XVIII.

    A divulgação da ciência para todos  
só foi iniciada pela escola aberta no início do século XIX na época de Napoleão Bonaparte. Isto tem dois significados:

    A partir deste momento histórico o progresso científico foi avassalador em todas as área do conhecimento humano.

    Gauss, geometrias não euclidianas
Carl Friedrich Gauss; grande gênio alemão, que aos 7 anos de idade no seu primeiro dia numa escola enunciou para o seu mestre-escola as propriedades das progressões aritméticas.
Gauss, que transitava ainda muito jovem pela comunidade científica, começou a se preocupar com a geometria. Segundo ele, os postulados de Euclides não tinham sido contestados desde os seus enunciados no século III AC, eram 23 séculos de aceitação sem discussão. Havia chegado o momento de se fazer esta contestação e de serem criadas outras geometrias baseadas em outros postulados. Nascia assim a idéia das geometrias não euclidianas.

    Lobatchevski, Riemann, Bolyai, geometrias não euclidianas.
Devido ao prestígio de Gauss no mundo científico logo surgiram adeptos para as novas maneiras de ver o espaço. Os principais adeptos foram: Nicolai Ivanovich Lobatchevski; matemático russo; George Friedrich Bernhard Riemann; matemático alemão, que criou uma geometria não euclidiana, base para a Teoria da Relatividade; János Bolyai, matemático húngaro que estudou as geometrias não euclidianas desde muito jovem, a partir de seus 15 anos de idade.

Genética.
O avassalador progresso científico calcado na estatística e probabilidade matemática, respingou na Biologia com a participação de Mendel, Frei Agostiniano, biólogo austríaco, estabelecendo as leis básicas da Genética e Charles Darwin, inglês, tendo estudado a origem das espécies atribuindo as diferenciações às mutações, ambos por volta de 1860.
    A moderna genética foi introduzida por volta de 1900 pelo botânico holandês Dvries e pelo botânico austríaco Tschermak.

      Einstein, teoria da relatividade restrita e geral
As concepções da física clássica não mais atendiam às indagações da ciência do início do século XX. O estabelecimento de profundas alterações ocorreram em 1915. O físico Albert Einstein e o matemático David Hilbert, estabeleceram as bases da teoria da relatividade restrita e da relatividade geral utilizando as ferramentas fornecidas pelo cálculo infinitesimal e a geometria de Riemann

    Novos métodos educacionais.
O conhecimento humano estava tão estendido que a sua absorção por parte dos alunos nas escolas tornou-se impossível pelos métodos educacionais tradicionais, era necessário aumentar a rapidez e a eficiência do ensino.
Esta missão foi atribuída inicialmente em 1912 aos médicos, Maria Montessori italiana, criadora do método montessoriano, considerado como a educação para um novo mundo e a Édouard Claparède fundador em Genebra do Instituto Jean-Jacques Rousseau dedicado à psicologia infantil.
Claparède
foi o criador da Escola Ativa que se opõe a educação tradicional à medida que estimula a independência intelectual das crianças, que passam a criar, construir e atuar sobre o que aprendem.
A estruturação da nova educação foi complementada em 1950 por Jean Piaget, biólogo suíço, criador da Epistemologia Genética e fundador em 1955 do Centro Internacional de Epistemologia Genética, com profissionais das áreas de lógica, matemática, física, biologia e psicologia

    Jaques Monod, a moderna estatística.
Os modernos métodos estatísticos e probabilísticos permitiram o estudo das bases da casualidade dos fenômenos biológicos e suas conseqüências religiosas realizados pelo biólogo francês e Prêmio Nobel, Jaques Monod, que publicou em 1970 a obra " Le Hasard et la necessité" constituindo um estudo do acaso e a necessidade.

    Stephen Hawking
A existência de outros planos de existência com outras concepções de espaço e tempo eram de concepção meramente religiosa, a ciência não abordava este assunto. Pela primeira vez um físico de respeito internacional admitiu e estudou a existência de outros universos em outras dimensões, constituindo o que foi denominado de multiverso
O físico que iniciou este grande debate em 2001 foi o inglês Stephen Hawking. Tentando passar os seus estudos para fora da comunidade científica escreveu os livros de divulgação científica: "Uma breve história do tempo - Do Big Bang aos Buracos negros",  "O universo numa casca de noz" e "Uma nova história do tempo", este último recém lançado no Brasil e já aparecendo, em início de 2006, nas listas dos livros de não ficção mais vendidos.


  Home Page Alfa Connection